Entrecurta :: Entrevista a Dr. Condorcet e D. Ermelinda, por Catarina Vieira e Eunice Rego

21-11-2011 23:08

ENTRECURTA

Relembrando as origens da atual Escola n.º 2 de Avelar (fez 50 anos, no passado dia 2 de Novembro), resolvemos entrevistar o Dr. Condorcet e a sua esposa, D. Ermelinda.

Ent.:A história da nossa Escola Básica nº 2 de Avelar começou em 1961. Como foi esse começo?

Dr. Condorcet: Foi uma altura em que os ex-acionistas do colégio entraram em negociações, mas eu não tinha nada a ver com isso. Eu era diretor pedagógico e a minha mulher professora do Externato Infante Sagres.

Os colégios eram aqueles que tinham Internatos e externatos e o nome deste era Externato Infante Sagres.

Bem, mas então resolveram vender isto ao estado e o estado comprou. Ficou resolvido que no primeiro ano, ficava (eu já não me recordo bem, mas tenho impressão) Tele-escola do primeiro e segundo ano, que é o atual quinto e sexto ano.

O ensino era oficial e pela tele-escola oficial, com aulas e tudo.

Portanto, o estado ficou com o primeiro e segundo ano a ter aulas oficiais. No ano seguinte, o estado para o ensino oficial passou a ser o terceiro ano que era experimental e o colégio perdeu esse terceiro ano. Depois, foi o quarto oficial e depois, finalmente, foi o quinto que entrou para o ensino oficial, tendo acabado nesse ano o ensino particular.

Ent.: Em que ano começaram a lecionar nesta escola?

Dr. Condorcet: No ano 1966/1967.

Ent.: Que disciplinas lecionaram?

D.Ermelinda: eu dava português, francês e desenho. Desenho dava, porque foi uma experiência que nós fizemos. Eu gostava muito de desenho decorativo.

Dr. Condorcet: O desenho era constituído por três partes: o desenho decorativo, desenho geométrico e o desenho de vista. Eu era professor de desenho e pedia à minha mulher para dar as aulas, quando era de desenho decorativo, porque ela tinha mais habilidade do que eu. Desta maneira, em conjunto, conseguíamos fazer com que os alunos tivessem notas muito altas.

Eu com o desenho à vista e geométrico e ela com o desenho decorativo. Além disso, eu dava Matemática e Ciências.

Ent.: Para além de lecionar, que outras funções desempenhou na escola?

Dr Condorcet: No tempo do ensino particular, eu era o diretor pedagógico. Havia um conjunto de administradores e eu só tratava da parte pedagógica. Portanto, a outra função era essa.

Antes de vir para o Avelar, era diretor e professor em Coruche, juntamente com a minha mulher. Recebíamos os dois, ao todo 5 contos, que correspondem a 25 euros. Num determinado dia, uma professora ligou-nos a dizer que havia uma vaga de diretor no Avelar e eu vim. Passei a receber o dobro, 10 contos.

Ent.: Acha que há muitas diferenças entre os alunos de hoje e os de há 50 anos?

Dr. Condorcet: Eu já estou afastado há alguns anos, mas, por aquilo que oiço, há algumas diferenças.

Ent.: Quais?

Dr. Condorcet: Pelo que eu oiço dizer, é na disciplina, e isso é um problema terrível, porque, no fim de contas, há a parte do ensino e da instrução. Os encarregados de educação antigamente eram mais exigentes. Eu lembro-me de dar umas belas bofetadas como diretor, porque, como professor, eu nunca bati em ninguém. Lembro-me de às vezes perguntar: “Queres uma bofetada ou preferes que eu diga ao teu pai?”, e eles diziam que preferiam a bofetada.

Ent.: Nestes 50 anos que diferenças é que a escola foi sofrendo?

Dr. Condorcet: Primeiro, a escola chamou-se Externato Infante Sagres. Depois, Escola Preparatória Dr. Pereira Barata. Mais tarde, Escola C+S de Avelar, e, uns anos depois, Escola Básico 2,3 de Avelar. Agora é a Escola N.º 2 de Avelar.

Ent.: Acha que essas diferenças foram positivas ou negativas?

Dr. Condorcet: Para mim, isto é tudo uma brincadeira dos políticos, não tem outro nome. Bastava ter o mesmo nome do princípio ao fim e estava tudo resolvido. Não percebo porque é que andaram sempre a mudar de nome. Para mim, ficava Liceu e não era nada destas escolas secundárias. Liceu estava fantástico. Andaram anos e anos e depois começaram essas parvoíces. Não arranjo outro nome.

Ent.: Obrigado pelas suas preciosas informações.

 

Dr. Condorcet: De nada, foi um prazer.

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Catarina Silva, 8.º F, e Eunice Rego, 8.º F

Redatoras do jornal Palavrinhas

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