Fotografia: a arte além dos olhos

    Fotografia é pegar na geringonça, carregar no modesto botão e muito mais. A mente navega sobre o que é visto pelos olhos e fabrica a imagem perfeita ou não perfeita ao olho do artista. “Calma, mais para a ali”, “não tremas tanto, pá!” são exemplos das minhas revoltas interiores para captar a essência genuína do momento, que acaba por originar a dúvida da descrição.

    Desde os meus quatro anos que fotografo e sempre foi algo incrivelmente espontâneo. Hoje, porém, a essência do ato de fotografar começou a fazer sentido na minha vida. A fotografia é arte. A fotografia é a arte de curar a minha angústia, de pôr fim à minha estúpida obsessão de tentar enquadrar a minha mente no mundo e também a arte de transmitir a minha visão quase incompreensível ao Homem.

    A arte está enraizada em mim. Conheço todos os cantos daquele quintal com chão de pedra degradada. Era sábado, descia as escadas como um jato e lá ia eu ajudar a minha querida avó (e paciente também) a regar a floresta tropical. Tenho tantas memórias da criança que ali cresceu. “Avó, vou para o quintal fotografar” é a conversa dos dias de hoje. Quero crescer e elevar a memória a momentos captados. A fotografia, aparentemente, parece simples, mas o ramo da fotografia é extraordinariamente complexo. Colocar uma engenhoca na mão de uma pessoa e pedir para tirar uma fotografia é easy-peasy, mas não há arte se não houver sentimento e esta é uma realidade que distingue pessoas que tiram fotografias e pessoas que gostam de fotografar. Uma fotografia é uma imagem com mil palavras e doces melodias de saudade.

    Eu sou apaixonada por fotografia e confesso que desconheço uma parte significativa das técnicas fotográficas, mas o talento e o amor corre nas minhas veias, acabando por ser fantástica no que faço. Não é um desporto, mas a arte de eternizar momentos. É, então, a arte além dos olhos.

«O fotógrafo quando faz uma foto usa os olhos, a alma, o coração e no final, use o dedo.

Para ver e entender a mesma, use tudo, menos o dedo» (Adilson Santos, fotógrafo)

Aluna colaboradora do Palavrinhas,

Sandra Santos, n.º 23, 10.º